quinta-feira, 31 de julho de 2014

Primeira Pessoa do Singular em Outro Lugar

Eu cá, com cabelo dividido ao meio pagando de indolente, caída no chão de um banheiro sujo a observar um rato cruzar os meus pés, absorvendo os odores e inacabada por um pensamento qualquer.Não.Qualquer, não.É  reflexo escuro porque meu egoísmo é igual de minhas palavras, da mão que só sabe dirigir-se ao espelho e este só vê: retrato, distorção dos sentidos e sorriso descarado ao forçar minha cabeça à outra em frente.
Eu lá, com corrente no pescoço e morcego no peito, na ponta dos pés no chão de madeira dançando e rodando o vestido liso ao som de um bandolim feliz, a idealizar mais uma figura moderna.Não. Moderna, não. É presente desde os primórdios as sequelas do que pode ser descrito como pureza, sendo principal motivo de um sorriso, nas cobertas envoltas por pés frios e crentes na chegada imediata de outros.
Eu - que vá ! - dependente da morfina encontrada em solo fértil,  distante dos meus pulsos sangrentos da pena e da tinta.Fluente de uma língua estrangeira inútil em ruas de areia sem pedras para certificar a veracidade, dos que cospem mel e mastigam as abelhas, contrária à disciplina mostrada e adquirida por aquela que aqui fala : A rainha da subjetividade, com todo o prazer.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Nota de Falecimento

Luto


A quem interessar saber, neste dia guardamos a lembrança da data de um ano de morte.Morte incompleta, a pior delas.
A incerteza e o temor foram gritados 365 dias atrás, cuspidos da garganta e não mais sufocados no papel pois atingiram um nível superior na escala de importância social e emocional.Olhes para estas mãos, o que vês? Branquidão em forma de cruz para jamais sob circunstância alguma ser esquecido os pecados, falhas, erros, brigas e, principalmente, o preço que deve ser pago devido a aceitação do fruto proibido.
Peço que juntais tuas mãos e rogue alto a prece que achais mais adequada.
Tudo que deveria ser dito sobre a data inicial deveras fora para que o papel não se rasgue como a garganta do falecido, uma vez dono da pureza que o foi tirada e da sanidade admirada até então.
Hoje, hoje e nenhum outro dia, a data nasceu podre e molhada pela chuva irônica dos céus para a refazer a tristeza bordada nos olhos que um dia estiveram abertos.
Nem mesmo as cartas de amor possuem magia suficiente para deter as lembranças misteriosas e únicas da nunca silenciosa e sempre temida morte.Um nome de significância bela e profundamente inspiradora quando romântica não oferece suas palavras neste dia para acolher tamanha dor, mas é esperado que esta pessoa reapareça em alguns dias - dizem os otimistas.
Não foi nenhuma espada que cortou nenhum coração, foram palavras que deram fim àquela vida sem medo até que a tão falada sinfonia do destino trouxe, por motivos ainda desconhecidos, o fatal piscar de olhos e bater de portas pela eternidade.
...
Mas quem foi que morreu?
-Fui eu.


(Não se brinca com aquilo que não é verdade, e mentira alguma se encontra aqui.)

sábado, 19 de julho de 2014

O Leitor



A minha intenção era iniciar fatalmente com presunções que não permitissem a luz vermelha dentro de meus olhos novamente, já que as memórias daquela noite se foram como açúcar no vento por estas mãos.Minha escrita se torna novamente útil e adorável correndo pelos papéis e sendo docemente degustada pelos lábios de um recente assunto, porém, novo leitor.

Gostaria que apreciasse um pedaço de fruta beira mar com mel, mas já que tudo não posso e nem ouso oferecer, aqui está uma amostra das experiências e sentimentos que tenho a ofertar.O público que está a ler pode ser da normalidade que não me agrada, mas certamente o que é publicado é a cada vez direcionado a um cidadão específico, e este, somente este, tem a chave necessária para compreender as trancas que disponibilizo.
Deixando de lado o técnico das minhas amadas vírgulas, sou capaz de transcorrer horizontes infinitos e mares paralelos para ,sim , fazer esquecer a realidade desprezível e imensurável dos quilômetros que me separam causam agonia e solidão, fome e secreta fobia, calúnia e falsa coragem.A identidade não está então na falta de explicação da finalidade de cada adjetivo nas cartas de amor, mas sim na apresentação tardia de agora:


    Eu - Oi, meu nome é Bia.

(coro) - Oi Bia

     Eu - Faz mais de dois anos que escrevo aqui.

(palmas)


Confusão inevitável e desabafo cortês.

Minha intensão não foi alcançada, acredito eu...Entretanto todas as minhas contradições em três parágrafos devem servir para vestir um site de forma mais plausível para tão ilustre leitura.


Conto um segredo: Estas não são as primeiras (nem ultimas) linhas para o nome do título.



segunda-feira, 14 de julho de 2014

Meia Noite e Parabéns

As lágrimas todas tomaram meus olhos escuros ao ler as palavras que dedicou a mim, com dificuldade respirei fundo e não me permiti o choro feliz em minha data.A estética já me fazia mais alegre, mas foram os dizeres que conquistaram de vez aquela que das palavras faz verdade.

Eram reais e tão perto estavam das batidas do meu coração
enquanto longe de meus dedos, trouxeram e por sorte ainda estão
cravadas em tinta de nenhum segredo.
.
.
.
Como pude deixar de responder? Não dizer que desejo receber o que infelizmente só suas palavras não eram suficientes de me dar.

- 

sábado, 5 de julho de 2014

Receita

Até Amanhã

Ingredientes:
- 1 litro de lirismo
- 1/2 xícara de chá de mel
- 1 vítima ( use a si próprio para que a massa não queime em críticas )
- 2 xícaras de chá de sabedoria ( pode-se utilizar no lugar o amadorismo )
- 1 pitada de sal
- 2 litros de amor doce
- 1/2 kg de ansiedade solúvel em elogios
- 4 colheres de sopa de honestos sorrisos
- 1 g de coragem
- 1 colher de sopa de fermento noturno
- 1 escolhido maduro e fresco

Modo de Fazer:

Pré aqueça sua cama em temperatura média cerca de 30 minutos antes.
Unte com sabedoria suas folhas em branco para que as palavras não grudem na falta das linhas.

Massa:
Pegue a vítima e  separe a covardia, bata com a ansiedade e deixe descansar.
O escolhido maduro deve ser banhado em mel por uma semana para que seja possível a sua mistura com o lirismo.Após os misturar, bata a mão com o sal e adicione a coragem, o amor doce e os honestos sorrisos,e, por último o fermento noturno antes de dormir.
Espere dois dias e bata a massa novamente, agora ao som de boa música, junte a vítima ( que já deve estar derretida, pois a profundeza das emoções da temperatura interior são superiores a 60°C ).
Coloque a mistura no caderno, inicialmente untado, e deixe no travesseiro até que comece a dourar a massa ou até que haja manifestação exterior do escolhido se destacando entre todas as especiarias.

Rendimento : 2 porções.
Tempo de preparo : Uma indireta e meia.

Aprecie quente e molhado enquanto o lirismo não se torna redundante.

Bom apetite!