quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Tormento sem Glória

A virgem Maria retornou à Terra.Suas mãos brancas e frias tocaram o próprio ventre e assim soube que seu incontestável destino chegara, sem avisos prévios ou razão para aquele coração bater dentro dela.Estava horrorizada e incrédula com o fruto carregado por aqueles meses em silêncio, sem conhecimento ou consentimento.
Fora vítima dos becos escuros nas grandes cidades? Pior.Fora enganada na manipulação festiva.
Não adianta chorar os rios que nunca conhecerá, menina; não lamente os rosto do passado ou os pecados cometidos contra a coroa de sangue, a culpa é inegável.
E ela dizia que sua vida estava amaldiçoada, gritava o nome mal-dito e fechava os olhos para a conclusão.Pensou...Quando foi que rogou ao fogo pedindo um feto? Quando foi que assinou o contrato com o anjo mau? O que ganharia em troca? Quando aquele suplício teria fim? Onde está o outro responsável? Lá. Lá no passado, em uma memória mal gravada, ele exalava incoerência.
Nada pode seguir em branco. O esquecimento não é uma opção. Até mesmo um sentimento incômodo deve estar registrado para que se obtenha o amadurecimento e se apenda o valor do tempo.
O fecho está naquela conversa, a mais simbólica de muitos anos.Infelizmente, ate mesmo o fim tem início com o educado balançar de cabeças no cotidiano para reviver o costume da fala.Mas, por hora, não se deve subestimar tal agrado quando a cruz ainda está no peito.

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